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Boi Angus: Por que seu valor é tão alto e o que o torna especial?

Em busca da carne perfeita? Bom, tenho uma notícia: você acaba de encontrá-la e seu nome não é tão complicado. Trata-se da Angus.

Uma raça que combina qualidade, maciez e sabor incomparáveis, a Angus já fez parte do cardápio de uma rede de fast food, passou por modificações e pode ser encontrado nos açougues boutique.

Com origem escocesa e reconhecida mundialmente, essa variedade de carne bovina é, sem dúvida, a escolha dos consumidores mais exigentes ou daqueles em busca de procedência garantida – e sabor primoroso, claro.

Graças às modificações realizadas ao longo das décadas, a raça Angus nunca deixou de atender aos mais rigorosos padrões de qualidade, é constantemente premiada em diversas partes do mundo e não para de ganhar adeptos: seu sucesso é indiscutível ao ponto de conquistar até mesmo o exigente mercado europeu. 

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Hoje em dia, a criação desse animal está presente em quase todos os cantos do mundo, inclusive no Brasil – onde já representa o segundo maior rebanho de corte. Essa popularidade é reflexo da busca constante por uma carne de excelência, que traga a certeza de uma experiência gastronômica inigualável.

Se você está em busca da carne perfeita, que reúne todas as características que os consumidores mais procuram, a carne Angus é a escolha certa. 

E neste post, vamos vasculhar tudo o que você precisa saber sobre o Angus, origem, chegada ao Brasil, características, vantagens competitivas. 

Quer saber mais? Continue a leitura e encante-se com essa verdadeira obra-prima da pecuária bovina.

A história do Angus

A raça Angus tem uma história rica e distinta, sendo considerada uma das mais antigas da humanidade – e com décadas e mais décadas de aprimoramento genético. 

O Angus sobressai entre as raças taurinas especiais para corte devido à sua variedade de atributos positivos, que asseguram resultados econômicos excepcionais.
O Angus sobressai entre as raças taurinas especiais para corte devido à sua variedade de atributos positivos, que asseguram resultados econômicos excepcionais.

Também conhecida como Aberdeen Angus, a raça recebe essas alcunhas em referência aos condados de sua origem, localizados no nordeste da Escócia – e que ajudam a contar a história do boi. 

A história do boi Angus também inclui figuras importantes como os escoceses Sir George Macpherson-Grant, William McCombie e Hugh Watson.

No século XIX, esse trio de criadores foi responsável por dar o pontapé inicial no processo de seleção dos melhores exemplares da raça. Naquela época, os Angus apresentavam pelagens variadas, incluindo preta, amarela e vermelha, e todas passando pela triagem e análise minuciosa desse grupo.

A pelagem do Angus, por sua vez, pode ser nas cores preta ou vermelha – sendo preferíveis tonalidades médias e mais escuras na variação vermelha.
A pelagem do Angus, por sua vez, pode ser nas cores preta ou vermelha – sendo preferíveis tonalidades médias e mais escuras na variação vermelha.

No entanto, inicialmente, o trio decidiu dar prioridade aos bois pretos devido à sua qualidade morfológica superior. Os exemplares de outras tonalidades, como os de pelagem amarela e vermelha, passaram a ser considerados genes recessivos na seleção da raça.

Aos poucos, e com muito esforço, o trio escocês conseguiu o que parecia impossível: que a raça evoluísse rapidamente. Tanto que em 1862, o livro genealógico da raça foi publicado com sucesso: The Aberdeen-Angus Herd Book.

Outra importante etapa para a história da raça foi a criação da primeira associação de seus criadores, hoje conhecida como Aberdeen-Angus Cattle Society, localizada em Perth, na Escócia, e liderada por Robert Gilchrist.

logo da Aberdeen-Angus Cattle Society
Logo da logo da Aberdeen-Angus Cattle Society, entidade criada e ativa desde 1879. (Reprodução)

Foi também no século XIX que esse gado chegou aos Estados Unidos e a alguns países da América Latina. Porém, não ficou apenas por aí: o Angus ganhou outros países e continentes com o desenrolar das décadas, tanto que está fortemente presente na Austrália, no Canadá, as África do Sul, na Nova Zelândia e no Reino Unido. E claro, no Brasil.

Primeiros registros do Angus no Brasil

Já no Brasil, cuja parte da base da economia é agrária, os primeiros registros do Angus em solo verde e amarelo datam de 1906, quando os primeiros touros foram importados do Uruguai para a cidade de Bagé, localizada no estado do Rio Grande do Sul.

angus vermelho
O Angus é altamente adaptável a diferentes condições climáticas, bem como tipos de vegetação. Justamente por essa adaptabilidade, aliás, que os rebanhos conseguiram se estabelecer em todas as regiões do Brasil. 

Após mais de um século, a raça Angus consolidou-se como uma das principais no estado, expandindo-se por todo o país e conquistando apreciadores em todas as regiões brasileiras.

Em Santa Catarina, mesmo com a proibição da importação de animais vivos, aliás, a raça recebeu significativos investimentos e conseguiu ser introduzida no estado por meio de embriões

Essa abordagem, aliás, foi vantajosa para preservar as características desejáveis dos animais locais. Como os embriões são coletados apenas de bois geneticamente favorecidos, o rebanho dos Angus criado em SC é reconhecido pela sua altíssima qualidade.

A partir de 1976, o Angus ganhou outros estados, dando destaque para as regiões do Sudeste e Sul.

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Características e vantagens competitivas da carne do Angus

A raça Aberdeen Angus é amplamente reconhecida por suas características distintas que contribuem para seu alto desempenho econômico como gado de corte.

angus vermelho
A raça Angus possui o maior número de animais taurinos no território nacional e lidera o mercado de venda de sêmen no Brasil, representando impressionantes 51% das vendas totais. A região centro-oeste e norte do país são os principais destinos desse material genético.

Essas particularidades, aliás, a destacam entre as demais raças taurinas – tornando-a uma escolha completa em todos os aspectos. Nesta seção, vamos dividir as características da raça entre duas: físicas e genéticas.

Confira algumas das principais características da raça Aberdeen Angus:

Características físicas

Com seu corpo cilíndrico, peito largo e musculoso, além de possuir duas cores de pelagem distintas, o Angus tem ganhado destaque no Brasil.

Resultado de cruzamentos com bovinos longhorns ingleses, segundo alguns criadores, essa raça demonstra maior resistência ao calor e apresenta uma série de atributos que a tornam altamente característicos. 

Nesta seção, você conhecerá mais sobre os atributos físicas dos Angus. Confira:

a) Tamanho do Angus

O gado Angus conta com um tamanho moderado, oferecendo equilíbrio e funcionalidade em pastagens, bem como sistemas de confinamento. Seu porte ideal, no entanto, varia consoante as condições ambientais e os objetivos da criação. 

Mas estimativas indicam que, as vacas Angus, por exemplo, pesam em média de 600 a 700 kg. Enquanto os touros pesam de 800 a 900 kg

Os bezerros da raça nascem menores em comparação a outras raças de corte britânicas. Mas não se preocupem, pois eles apresentam um rápido crescimento! Geralmente, os machos nascem com aproximadamente 28 kg, enquanto as fêmeas nascem com cerca de 26 kg. 

b) Massa muscular do Angus

O lombo do gado Angus deve ser largo, o que resulta em uma boa Área de Olho de Lombo (AOL), um indicador importante para medir o rendimento da carcaça. Além disso, os quartos traseiros devem ser compridos, com músculos que se estendem até os jarretes.

Corte de carne para mostrar o quanto ela pode ser saborosa e com uma boa camada de gordura.
O delicioso corte do Angus

Nas fêmeas, é importante que o volume muscular não seja excessivo, a fim de preservar a fertilidade. Adicionalmente, as massas da paleta não devem ser proeminentes e os quartos traseiros não devem ser excessivamente musculosos.

c) Pele e pelagem

Sua pele deve ser de espessura moderada e elástica, coberta por um pelame suave e curto. A pelagem, por sua vez, pode ser nas cores preta ou vermelha – sendo preferíveis tonalidades médias e mais escuras na variação vermelha.

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Aliás, fique de olho: um pelechamento rápido e um pelo brilhante são indicadores de precocidade, fertilidade e adaptabilidade do gado Angus.

d) Corpo

Por fim, os animais da raça Angus devem ter um corpo longo, com um lombo amplo e uma profundidade corporal adequada.

Também é desejável um bom arqueamento de costelas: que contribui para uma capacidade respiratória e digestiva mais eficiente, otimizando o desempenho produtivo.

Em contrapartida, não é desejável uma deposição excessiva e localizada de gordura.

Características genéticas

Quanto às características genéticas, podemos dizer que o Angus é conhecido como uma raça dócil, com ótimo ganho de peso, baixa taxa de mortalidade e demais fatores que o tornam tão procurado no mercado nacional, veja:

a) Fertilidade 

As fêmeas da raça Aberdeen Angus contam com excelentes habilidades maternas, por exemplo, apresentam períodos curtos entre os partos, bem como facilidade na reprodução. 

Em termos de fertilidade, aliás, a raça é responsável por um maior rendimento, tanto em número de bezerros nascidos quanto na produção de kg por hectares. Juntos, todos esses fatores resultam em uma produção mais significativa, gerando praticamente um terneiro por ano.

b) Facilidade de Parto e Habilidade Materna 

Como visto acima, as fêmeas têm excelentes habilidades maternas. Um exemplo disso é que, as gerar um terneiro de médio porte, o ventre da fêmea passa por um desgaste reduzido quando comparado a outras raças. 

Esse fator determina com que sua recuperação pós-parto seja mais rápida, o que favorece a repetição de cria e a diminuição dos intervalos entre partos, por exemplo.

c) Precocidade do Angus

Os bois e as vacas da raça Aberdeen Angus amadurecem mais cedo; por isso, podem ser abatidos em idades mais jovens. 

Isso significa que, se forem criados corretamente em pastos e com cuidados adequados, os animais podem ser abatidos antes de completarem 24 meses (ou dois anos) – ou até mesmo antes de 18 meses, se forem mantidos em confinamento. 

Com isso, o fator precocidade vai resultar em ganhos econômicos maiores e significativos.

d) Rusticidade

O gado é altamente adaptável a diferentes condições climáticas, bem como tipos de vegetação. Justamente por essa adaptabilidade, aliás, que os rebanhos conseguiram se estabelecer em todas as regiões do Brasil. 

Os Angus também contam com maior resistência a doenças e são capazes de se adaptar a extremos de temperatura: solo seco ou alagadiço, campos altos ou abrigados, e pastagens ricas ou pobres – nada disso importa para eles. 

Até mesmo as fêmeas conseguem produzir bezerros e amamentá-los adequadamente – e mesmo em situações adversas.

e) Vida reprodutiva

Os touros da raça Angus contam também com uma vida reprodutiva bastante notável na indústria de carne bovina. É estimado que um touro médio consiga reproduzir pelo período de 4 a 5 anos. 

Quando empregado como reprodutor em programas de cruzamento em pastagens, por sua vez, um touro Angus tem uma média de até 150 descendentes, resultando em animais de qualidade aprimorada.

Características desclassificatórias

Animais que apresentarem as seguintes características não podem ser registrados como Angus:

  1. Aspas, batoques ou rudimentos córneos.
  2. Manchas brancas fora das regiões permitidas.
  3. Defeitos congênitos, como bragnatismo (desalinhamento dos maxilares), criptorquidismo (retenção de testículos), lordose (curvatura excessiva da coluna), falhas sérias de aprumos, entre outros.

Características não desejáveis

Existem certas características indesejáveis na raça Angus, como:

  1. Presença de pregas de pele pronunciadas no pescoço (papada) ou ventre.
  2. Desenvolvimento de pregas de pele excessivas no umbigo ou prepúcio.
  3. Ausência de características raciais distintivas na cabeça, como a falta de “polled” (ausência de chifres), orelhas flácidas ou caídas, e conformação atípica.
  4. Ocorrência de mais de uma mancha branca ou manchas de tamanho maior do que um terço da distância entre o umbigo e úbere/escroto, especialmente em machos.
  5. Tetos sem pigmentação ou com coloração excessivamente branca.
  6. Presença de uma quantidade excessiva de pelos brancos na região da cauda ou na região perineal.

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Por que a carne Angus é tão especial? Saiba o que a torna tão gostosa (e cara)!

Altamente apreciada, a carne Angus é universalmente tida como uma das mais deliciosas – e não à toa. Desde os anos 1800, a raça vem sofrendo modificações genéticas para se adequar ao rigoroso mercado europeu. 

Uma das raças que mais cresce na produção de gado brasileira
A Associação Brasileira de Angus, criada por pecuaristas gaúchos em 1963, tem desempenhado um papel fundamental no direcionamento do desenvolvimento da raça bovina no Brasil.

E por isso, vem com um sabor que pouquíssimos conseguem explicar o motivo de tanto sucesso. Ou melhor, conseguem: basta dar uma garfada para experimentar! 

Conheça aqui alguns dos principais motivos que fazem a carne Angus um sucesso entre os churrascos, confraternizações e nos açougues. 

Gordura do Angus

A carne Angus, de acordo com os padrões estabelecidos pela Associação Brasileira de Angus (ABA), apresenta uma espessura de gordura entre 3 e 6 mm, considerada ideal por muitos especialistas. 

Essa medida equilibrada, aliás, é a responsável por garantir a suculência, maciez e sabor tão apreciados pelos amantes dessa carne. Além disso, o Angus possui uma distribuição de gordura bem uniforme, mesmo nas áreas mais magras.

Distribuição de gordura

Outro ponto é distribuição adequada de gordura, algo especialmente valorizada durante o seu preparo. Isso porque a gordura da carne derrete parcialmente devido ao calor e penetra nas partes magras, assim, melhorando significativamente o seu valor.

Como resultado final, você terá uma carne tenra e altamente apetitosa.

Marmoreio

O alto nível de marmoreio é uma característica distintiva e definitiva da carne Angus graças à presença de gordura entremeada, como mencionado anteriormente. 

Mas esse ponto em particular é determinado geneticamente nos animais dessa raça, e é o que confere nobreza aos cortes. Quanto maior o marmoreio, mais suculenta, macia e saborosa a peça de carne se torna.

Rupturas

Outro aspecto importante é que a carne Angus de qualidade deve parecer visualmente atraente. Isto é: sem rupturas capilares e partes escuras nos cortes. 

Condições naturais 

Por fim, um dos últimos fatores que ajudam a determinar o sucesso do Angus envolve sua capacidade de amadurecimento precoce. Isso porque, a partir dos 12 meses, os animais da raça já podem apresentar atividade sexual e, como resultado, desenvolvem uma cobertura estruturada em sua carcaça. 

Leia também: Tendências para a pecuária em 2023

Produção nacional do Angus: números de 2022 e práticas do mercado

De acordo com informações da Associação Brasileira de Angus (ABA), reveladas no início deste ano (via. GiroBoi), a produção da carne angus certificada atingiu um marco histórico: ao todo, foram mais de 35,82 mil toneladas produzidas em 2022

O número representa um aumento de 16,7% em relação ao ano de 2021, e um novo recorde para o setor. 

Além disso, os abates totais, todos dentro do Programa Carne Angus Certificada, selo da parceria entre a ABA e a indústria frigorifica para produção de carne de alta qualidade, somaram mais de 461,6 mil cabeças. Novamente, um número superior ao de 2021 (com um aumento de 19,3%), e representando o segundo maior número da história. 

Temos mais produtores utilizando a genética Angus, do Sul ao Norte do país, e uma conscientização sobre a importância da seleção de genética superior e adaptada às condições ambientais do Brasil

Mariana Tellechea, presidente da ABA, em nota divulgada pela associação.

A ABA ainda estima que 4,5% do total de carne certificada angus produzida no Brasil em 2022 foi exportada, aumentando o respaldo nacional em relação à produção e criação do gado.

Também houve o número bastante expressivo em quilos de carcaça de 35,83 milhões de quilos e quase 17% melhor de rendimento de carcaça dentro do programa da carne angus

Continua Tellechea, presidente da ABA

Todo o resultado colhido em 2022 marcou a maior produção no Programa Carne Angus em 19 anos. Em 2021, a título de comparação, foram produzidas 30,7 mil toneladas.

Produção nacional 

No Brasil, a produção do Angus começa por meio do cruzamento da terminação dos machos com a mãe nelore. 

Geralmente, por ser muito precoce, a fêmea conta com ótima habilidade materna – atributo ressaltado anteriormente. E em alguns casos, pode até deixar o bezerro extra na fazenda.

O boletim da ABA estimou que a raça Angus comercializou quase dez milhões de doses de sêmen por ano no Brasil. Essa raça taurina desempenha um papel fundamental na evolução da qualidade da carne bovina nacional.

Expectativas do mercado e sustentabilidade

Também de acordo com o informe da ABA, está entre as novas metas da entidade a continuidade ao estímulo à certificação de propriedades dentro do protocolo Angus Sustentabilidade, programa que, além de questões ambientais, também conta com um checklist de regras ligadas a leis trabalhistas e ao bem-estar animal e das comunidades.

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Outra das ações planejadas é a realização da Prova de Eficiência Alimentar 2023, com base em uma pesquisa conduzida pela Embrapa Pecuária Sul e o Teste de Mensuração de Gás Metano.

E por fim, a solidificação do programa Carne Angus Certificada, que está completando 20 anos em 2023, é realizado em 42 unidades frigoríficas pertencentes a 22 indústrias localizadas em 11 estados brasileiros.

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