Variações do Nelore, sub-raças e linhagens dessa raça majestosa
Um dos principais tipos de carne disponíveis no Brasil, o Nelore tem uma linhagem e aprimoramentos genéticos que vêm de décadas e mais décadas. Conheça aqui algumas das principais variações do Nelore.
Com sua história rica e diversidade genética, a raça Nelore é verdadeiramente uma das joias da pecuária brasileira.
Segundo os registros da Associação Brasileira dos Criadores de Nelore (ABCN), a primeira introdução do Nelore no Brasil teria ocorrido no ano de 1868, quando um navio, que tinha como destino a Inglaterra, atracou em Salvador transportando um par de animais da raça. Esses animais teriam sido vendidos e permanecido no país.
O resto? Bom, o resto é história! Mas o que deve ser sabido de fato é que o Nelore, sem sombra de dúvidas, é um dos principais nomes do agronegócio brasileiro. Por isso, conhecer toda a sua linhagem fará a diferença na hora de adquirir alguns exemplares desse animal poderoso.
Neste post, exploraremos as fascinantes variações do Nelore, suas sub-raças e linhagens, revelando as nuances e características que tornam essa raça bovina majestosa um elemento fundamental na agricultura e pecuária do Brasil.
Quer saber mais? Basta continuar a leitura!
História do Nelore no Brasil
A origem da raça Nelore é verdadeiramente fascinante, remontando às antigas terras da província de Madras, no estado de Andhra Pradesh, na Índia. Ela é o resultado de um intrigante cruzamento entre o Ongole e mais de quatorze raças distintas, todas trazidas para a Índia pelas tribos arianas há cerca de cinco mil anos antes de Cristo.
Na Índia, por motivos religiosos e culturais, o Nelore não foi inicialmente destinado à produção de carne, mas sim utilizado para transporte de cargas pesadas e na extração de leite. No entanto, sua história mudaria drasticamente com sua chegada ao Brasil na primeira metade do século XIX.
Os primeiros registros da introdução do Nelore no Brasil datam de 1868, quando um navio, originalmente com destino à Inglaterra, atracou em Salvador transportando um par desses animais, que foram vendidos e permaneceram no país. No entanto, essa é apenas a primeira página de uma história mais longa e emocionante.
Dez anos depois, um imigrante suíço chamado Manoel Ubelhart Lembgruber, em busca de animais exóticos, teve seu primeiro encontro com a raça Ongole durante uma visita ao zoológico de Hamburgo, na Alemanha.
Ele ficou tão impressionado com os bovinos de chifres imponentes e cupins proeminentes em suas costas que decidiu importar um par de animais dessa raça em outubro de 1878, marcando o início do sucesso do Nelore no Brasil.
Outro pioneiro da raça no Brasil foi Manuel de Souza Machado, um usineiro do Recôncavo Baiano, que em 1906 importou um casal de Nelore, batizados de Cacique e Aracy, diretamente da Índia. Aracy estava grávida de um touro indiano e deu à luz a primeira bezerra vermelha e POI (Puro de Origem Indiana) nascida no Brasil, chamada de Itabira.
Hoje em dia, o Brasil abriga um vasto rebanho de bovinos, com variações do nelore de invejar. Com mais de 200 milhões de animais destinados à produção de carne e leite em pastagens. Surpreendentemente, cerca de 80% do gado de corte no país pertence à raça Nelore ou possui características semelhantes, conhecidas como “anelorado”.
A expansão do Nelore no Brasil teve início no Rio de Janeiro e se espalhou progressivamente para São Paulo e Minas Gerais. O registro genealógico foi instituído em 1938, marcando um passo crucial na definição das características raciais da raça.
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Variações do Nelore e sub-raças
Existem diversas variações do Nelore, no entanto, as principais são concentradas em quatro: Nelore Mocho, Nelore Brahmanizado, Nelore Lemgruber e Nelore Jandaia.
Nesta seção, vamos conhecer os principais detalhes sobre cada uma deles.
Variações do nelore: Nelore Mocho
Esta linhagem do Nelore se destaca pela ausência – ou redução quase completa – dos chifres, característica conhecida como mocho, por isso ele recebe esse nome. Nos últimos anos, criadores e produtores têm se dedicado a selecionar e aprimorar essa categoria, procurando animais com rusticidade e bom desempenho produtivo.
De acordo com os registros, a raça foi desenvolvida em novembro de 2020, e hoje contam com mais de 826.314 da raça (dos mais de 10.207.742 animais registrados com chifres).
Os machos da raça têm um peso médio de 192 kg ao serem desmamados, enquanto as fêmeas apresentam uma média de 171 kg. Quando atingem um ano, os machos alcançam em média 326 kg, enquanto as fêmeas chegam a cerca de 277 kg.
A raça Mocha é conhecida por sua alta fertilidade, adaptabilidade a diferentes sistemas de produção, precocidade e excelente desempenho em relação ao peso. Essas características fazem dela uma valiosa contribuinte para a indústria de carne no Brasil.
Quanto à pelagem, ela varia predominantemente do branco ao cinza, com possíveis combinações dessas cores. Além disso, também é possível encontrar variantes pintadas ou malhadas, em tons de preto ou vermelho, embora sejam menos comuns.
Nelore Brahmanizado
Já o Nelore Brahmanizado, como você já pode ter visto pelo nome, é um cruzamento do Nelore com o Brahmanel.
Quando a raça mocha é utilizada em cruzamentos com bovinos taurinos, como o Brahman, ela não apenas demonstra rusticidade, bem como exerce uma grande influência genética no ganho de peso e na qualidade da carne. Além disso, essa raça proporciona benefícios significativos para a reprodução.
Em várias pesquisas, foi observado que machos de meio sangue Brahman/Nelore têm uma média de peso de 252 quilos, ao passo que as fêmeas atingem, em média, 235 quilos.
Nas fêmeas cruzadas, são claramente observadas características desejáveis, como habilidade materna, docilidade e rusticidade. Esses atributos são extremamente valiosos tanto para a produção de boas matrizes quanto para o uso dessas vacas como receptoras em programas de reprodução.
Variações do nelore: Nelore Lemgruber
Já a linhagem desenvolvida pela família Lemgruber é focada na seleção de animais com alto rendimento de carne e boas conformações físicas. Além disso, os animais dessa linhagem geralmente apresentam boa musculatura e eficiência no ganho de peso.
Introduzido no Brasil em 1878, o Nelore Lemgruber tem sido criado e selecionado a pasto de forma natural ao longo desse período. Nas últimas três décadas, no entanto, o aprimoramento genético da linhagem tem dado prioridade às características de adaptação ao ambiente:
- Pastagem predominantemente de Brachiaria;
- Fertilidade precoce e longevidade;
- Ganho de peso, conformação e acabamento da carcaça;
- Temperamento e tolerância a parasitas.
Nelore Jandaia
Desenvolvida pela Fazenda Jandaia, essa linhagem é reconhecida por criar animais de alto desempenho e ganho de peso excepcional. A seleção é realizada com base em características como habilidade materna, conformação física, rendimento de carne e maturidade sexual precoce.
Em 2014, o Nelore Jandaia celebrou cinco décadas de compromisso dedicado à seleção criteriosa de características morfológicas funcionais e aspectos econômicos associados à raça.
Durante esse período, o foco recaiu sobre elementos como peso, habilidade materna, temperamento e conformidade com os padrões raciais, refletindo um trabalho contínuo e incansável.
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Linhagens do Nelore
Quanto às linhagens da raça no Brasil, existem três que mais chamam a atenção: Puro de Origem (PO), Puro de Origem Importados (POI) e Livro Especial de Importação (LEI). Conheça-os melhor a seguir:
3. Puro de Origem (PO)
Os Nelore Puros de Origem (PO) são aqueles que pertencem aos primeiros grupos da raça trazidos para o Brasil, que aconteceu no final do século XIX. Nesse contexto, há uma linhagem genealógica que confere autenticidade à raça.
Os critérios raciais são assegurados por associações, responsáveis por documentar a história das linhagens.
2. Puro de Origem Importados (POI)
Os Nelore Puros de Origem Importados (POI) são, em essência, os exemplares da raça cuja linhagem indiana foi meticulosamente preservada, sendo considerados os representantes originais.
A proteção rigorosa da genética indiana desempenhou um papel crucial na obtenção dos resultados notáveis que testemunhamos atualmente.
O termo “POI” também é empregado como uma designação comercial que abrange todos os animais da raça que possuem uma origem genuinamente pura, atestando a autenticidade de sua linhagem.
1. Livro Especial de Importação (LEI)
Por fim, o Nelore de linhagem LEI (Livro Especial de Importação) representa os animais da raça que foram submetidos a pesquisas e aprimoramentos genéticos.
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Importância econômica do Nelore
Mesmo com tantas variações do nelore, ele desempenha um papel de destaque na economia brasileira, que é reconhecida por abrigar o maior rebanho bovino comercial do mundo. Essa posição de liderança contribuiu para que o Brasil se tornasse o principal exportador de carne bovina globalmente.
De acordo com estimativas da Embrapa, o país possui mais de 214 milhões de bovinos e produz anualmente mais de 9,5 milhões de toneladas de carne. Em 2019, as exportações brasileiras de carne bovina atingiram a marca de 1,85 milhão de toneladas.
A Associação dos Criadores de Nelore do Brasil (ACNB) informa que cerca de 80% desse rebanho é composto por animais da raça Nelore ou com características similares, totalizando mais de 100 milhões de cabeças.
Indiscutivelmente, a indústria bovina desempenha um papel vital na economia nacional, fornecendo não apenas alimento de alta qualidade para os brasileiros, mas também para o mercado global. Essa importância é respaldada por testemunhos de figuras renomadas e anônimas, como o presidente da ACNB, Nabih Amin El Auoar.
A raça Nelore continua a ser uma protagonista na pecuária brasileira, principalmente nas regiões onde a criação de gado é a principal atividade econômica. Além disso, sua contribuição para a produção de carne e leite é inestimável, considerando a valorização de sua genética.
À medida que o World Resources Institute (WRI) prevê que a produção mundial de carne precisará dobrar até 2050 para atender à crescente demanda, raças como o Nelore desempenham um papel crucial nesse contexto.
Espera-se que continuem a crescer tanto em número quanto em qualidade, atendendo a essa necessidade crescente e desempenhando um papel fundamental na economia brasileira.
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