Como a avaliação de ativos impacta no compliance?
Antonio Lopez, diretor de marketing e vendas da S4A Avaliações
Nos últimos anos, compliance se tornou palavra de ordem das grandes corporações. Do verbo inglês to comply, que significa “agir de acordo com”, o termo ganhou posição de destaque no Brasil, principalmente, após os desdobramentos de operações da Polícia Federal, como Lava Jato e Zelotes, e da criação da Lei Anticorrupção, reforçando a necessidade de transparência na cultura organizacional das empresas.
Para além da prestação de contas, áreas que obviamente são contempladas no programa de compliance, o valor, a gestão e a segurança dos ativos de uma corporação, por exemplo, são campos que indubitavelmente devem ser priorizados e avaliados com mais cautela.
Assim, torna-se cada vez mais comum que as empresas abram seus dados a profissionais qualificados e alinhados ao departamento jurídico e depositem confiança em serviços independentes a fim de garantir a tão legitimada transparência na informação pública.
Para reforçar tal obrigação, a lei 11.638/07, por exemplo, determina que o ativo imobilizado seja avaliado a valor de mercado.
O valor da avaliação referencial
Como fator preponderante na condução de novas medidas de avaliação dos bens de uma empresa, está a crise econômica. Nesse cenário, o uso dos ativos foge à normalidade, seja por paralisação ou uso excessivo.
Além disso a volatilidade dos valores dos ativos aumenta, sejam estes nacionais ou importados, novos ou usados – todos os valores mudam sem necessariamente seguir uma tendência previsível.
Dessa forma, conhecer e manter atualizado os valores dos ativos garante a melhor contratação de coberturas securitárias. Além disso, não se pode prescindir de uma análise aprofundada de riscos e respectivas adequações às normas técnicas de segurança.
Definindo valores
Como citei anteriormente, há uma obrigação legal de se manter os ativos marcados a valor de mercado, mas, em alguns casos, precisar esses números é mais complexo, como nos setores siderúrgico, petroquímico, portuário e hidrelétrico, que têm uso intensivo de instalações industriais, máquinas e equipamentos, e, portanto, comportam grandes riscos.
Ora, não há como comparar a avaliação de uma plataforma de petróleo com a de um escritório, sendo assim, é fundamental precificar corretamente o seguro a partir de uma avaliação especializada e independente, que gere valor à empresa e ao seu programa de compliance.
Mas, como potencializar o compliance da minha empresa a partir de uma boa consultoria de avaliação?
Para grandes corporações, a organização de uma unidade de gestão patrimonial e de risco interna é o melhor caminho. Esta área irá se apoiar numa tríade de especialistas em análise de riscos, avaliação de bens e análise jurídica.
No entanto, o fato de contratar uma consultoria independente para fazer a avaliação patrimonial já demonstra preocupação com compliance, e é um bom início, afinal, não é a empresa que está estipulando o próprio valor, mas sim uma consultoria externa.
O laudo de avaliação tem como objetivo definir diferentes tipos de valores:
- Reposição: o custo para substituir um ativo usado por um novo com as mesmas características;
- Reedição: o custo de um ativo novo menos a depreciação física decorrente de uso, idade e quebra;
- Dano elétrico: dano máximo que um ativo pode sofrer na parte elétrica;
- Estimativas de Perda:
- PMP – Perda Máxima Possível
- DMP – Dano Máximo Provável
- PNE – Perda Normal Esperada
Além de agilizar a indenização em caso de sinistro e evitar erros na determinação de valores em risco — fazendo o cliente pagar a mais pelo prêmio de seguro ou ter uma cobertura insuficiente –, o laudo também é fundamental para o balanço patrimonial da empresa, agregando inteligência de valor, que caminha com o conceito de compliance.
É bom ter em mente que a transparência sempre é investimento, nunca custo.