Frota de Caminhões: tudo que você precisa saber sobre a renovação em 2020
Não é novidade alguma que a frota de caminhões no Brasil é bastante antiga. Se comparado a outros países, como Estados Unidos e outros pontos do mundo, a diferença é gigante.
O que acontece é que, muito mais do que apenas pensar em vendas, o problema está na manutenção desses veículos. Com menos tecnologias e controle, o gerenciamento da frota se torna uma tarefa ainda mais complicada de se organizar.
Pensando nisso, mais abaixo você terá todas as informações necessárias para montar e renovar sua frota de caminhões. Além de entender o mercado atual, também será possível compreender os próximos passos desse segmento tão importante da economia brasileira.
A frota de caminhões do Brasil
Por conta de diversos fatores, a frota de caminhões brasileira está muito defasada se comparada à de outros locais. Com isso, se exige um maior investimento do governo em infraestrutura e segurança. Segundo os caminhoneiros, entretanto, isso não ocorre como deveria, tornando a profissão ainda mais arriscada. Entenda o porquê disso:
- Idade da frota de caminhões brasileira;
- Características dos caminhões;
- Forma de aquisição dos veículos;
- Vendas nos últimos anos;
- Os programas de renovação de frota de caminhões;
- Perigos de um veículo antigo.
Idade da frota de caminhões brasileira
A cada três anos, a CNT — Confederação Nacional do Transporte — realiza a Pesquisa CNT Perfil dos Caminhoneiros. A primeira edição foi lançada em 2016, enquanto a mais recente data de janeiro de 2019.
Além de dados a respeito dos profissionais que atuam no setor, uma parte do documento traz informações sobre os veículos. Com isso, é possível entender melhor o perfil da frota de caminhões que roda pelo Brasil.
O dado mais interessante, entretanto, se encontra logo no início: a idade dos veículos de transporte. Para chegar aos dados, a confederação separou os motoristas em duas categorias: autônomos e empregados de frota. Com isso, a disparidade entre os tipos de profissionais ficou ainda mais clara.
Em média, os caminhões dos profissionais que trabalham por conta própria possuem 18,4 anos. Ao mesmo tempo, as frotas particulares têm uma idade média de 8,6 anos. Sendo assim, a média do país quando se fala do tempo de vida dos veículos é de 15,2 anos.
Para ser mais exato, a pesquisa determina que mais de 23% dos caminhoneiros dirige veículos que foram fabricados antes de 1995. Em comparação, os produzidos de 2016 em diante somam pouco mais de 5%.
Características dos caminhões
No mesmo estudo, outros dados bastante interessantes foram apresentados a respeito da frota de caminhões brasileira. Entre eles, encontram-se informações sobre o estado de registro, a marca e a carga transportada.
Novamente os dados são divididos entre os caminhoneiros autônomos e os que trabalham para uma frota. Ainda assim, os números apresentados abaixo representam a média geral dos veículos no Brasil.
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Estado de Registro
A primeira informação apresentada a respeito da frota de caminhões do Brasil diz respeito ao estado onde o veículo foi registrado. Esse é um dado importante para se entender da onde saem os caminhoneiros. Cerca de um quarto dos veículos são de estado de São Paulo (24,4%). Fecham o pódio Minas Gerais, com 12,6% dos caminhões e Paraná com 11%.
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Marca do veículo
Ao analisar as montadoras da frota de caminhões é possível perceber uma grande vantagem para a alemã Mercedes-Benz. Mais de 40% dos veículos registrados no país possuem o logo da estrela no capô. Em seguida, Scania e Volkswagen dividem a segunda posição, com 16,6% do mercado para cada. Volvo, Ford e Iveco ocupam as posições seguintes do ranking.
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Carga Transportada
Outro dado interessante a se estudar diz respeito à carga que os veículos estão transportando. Por conta da logística, a maioria dos caminhoneiros (37%) opta por levar carga fracionada, possuindo mais de um tipo específico. Em seguida, aparecem granel sólido (28%), frutas, legumes e verduras (8,9%), carga seca (7,3%) e carga variada (6,8%).
Forma de aquisição dos veículos
Fechando os dados da pesquisa da CNT, encontram-se informações bastante interessantes sobre a forma como os caminhões são adquiridos. Muito mais importante que os números em si, essa é uma maneira de entender melhor a idade da frota brasileira.
Segundo os próprios caminhoneiros, 50,3% dos veículos foram comprados sem financiamento. O restante se divide entre os que utilizaram, mas já o quitaram (26,1%) e os que ainda têm que pagar alguma parcela (20,9%).
A parte que explica, porém, a idade elevada da frota de caminhões nacional é a forma como os financiamentos foram feitos. Quase 70% dos entrevistados recorreram a bancos privados. Além disso, 12% diz ter feito negociações particulares, 5% optaram pelo leasing e 4% pelo consórcio.
Se você prestou atenção às informações acima, percebeu que nada foi dito de programas governamentais. Pois bem, apenas 4,2% dos caminhoneiros teve algum auxílio público na aquisição de seu veículo. Desses, 3,3% utilizaram do PSI e 1,5% do Procaminhoneiros.
Com isso, é possível perceber que, sem o auxílio federal, a renovação da frota se torna uma tarefa complicada. Com valores cada vez mais altos e um mercado instável, poucos caminhoneiros se arriscam a entrar em um financiamento particular.
Vendas nos últimos anos
A fim de entender melhor o motivo de o Brasil ter uma frota de caminhões tão velha, é interessante verificar as vendas no país. Nos últimos anos, é possível perceber que houve altos e baixos, e muita coisa justifica isso.
Primeiramente, as vendas encontravam-se em um patamar muito positivo no início da década. As médias anuais estavam na casa das 150 mil unidades, valores quase impossíveis de se verificar hoje.
Os números se mantiveram assim até 2014, quando a crise financeira atingiu diretamente o Brasil. Com isso, em 2015 iniciou-se uma queda nos emplacamentos.
Os anos de 2016 e 2017 seguiram a tendência, trazendo a média para baixo. Para se ter uma ideia, os valores nesses anos atingiram a casa dos das 50 mil unidades anuais. Um terço do que se via em períodos anteriores.
Ainda que 2017 já tenha apresentado um leve crescimento, foi em 2018 que os resultados melhoraram significativamente. As vendas de caminhões cresceram quase 50% de um ano para outro, seguido por um aumento de mais 30% em 2019. Depois de quatro anos, as vendas alcançaram as 100 mil unidades novamente.
Os dados de 2020 tendem a ser diretamente afetados por conta da pandemia. Ainda assim, os emplacamentos até agosto já chegam a 55 mil veículos, mais do que se viu nos anos de 2016 e 2017, por exemplo.
Programas de renovação da frota de caminhões
Para reverter os dados, que vêm de constantes interferências — primeiro da crise, e agora da pandemia — será necessário que o governo auxilie. O que se espera, portanto, são programas que ajudem na renovação da frota de caminhões brasileira.
Diversos itens podem ser incluídos na proposta a fim de amparar o mercado como um todo. Ideias já ventiladas são a isenção de impostos e até o fim do desconto de IPVA para veículos mais antigos.
Tudo isso, porém, ainda se encontra somente como desejo dos caminhoneiros e das montadoras. Isso porque, até o presente momento, nem o governo federal nem o estadual apresentaram propostas concretas para a situação.
Alguns dos programas que que já foram utilizados foi o BNDES PSI, que vigorou entre 2009 e 2015, e o Procaminhoneiro.
O primeiro baseava-se em menores taxas de juros por meio do banco estatal. O segundo, por sua vez, ainda vigora, recebeu atualizações em janeiro de 2019, após a greve dos caminhoneiros.
As medidas, entretanto, não surtiram muito efeito. Dos 500 milhões de reais disponibilizados, apenas 350 mil foram utilizados nos primeiros 10 meses.
Outra medida oferecida foi “cartão caminhoneiro”, que garantia preço fixo no diesel por 30 dias. A ideia também teve baixa procura pelos motoristas.
Perigos de ter uma frota de caminhões defasada
Embora a renovação de toda uma frota de caminhões seja difícil, ainda mais no Brasil, é preciso considerar a possibilidade. A ideia iria auxiliar muito nas vendas de veículos zero quilômetro, se espalhando para diversos setores adjuntos. Ainda assim, esse não é principal benefício.
Na verdade, a grande vantagem de renovar a frota está em melhorar vida de todos os brasileiros, não somente os caminhoneiros. Explica-se: veículos com mais idade estão ultrapassados perante os novos. Isso acaba acarretando problemas para todos.
Primeiramente, é preciso falar sobre a segurança, já que esses caminhões necessitam uma manutenção mais constante. Mesmo que ela seja bem feito, possuem menos tecnologia, sendo mais propensos a defeitos e acidentes.
A tecnologia, aliás, é o segundo ponto a se analisar. Novos veículos possuem muito mais trabalho de engenharia, o que significa que apresentam soluções melhores. Por conta disso, auxiliam a vida dos motoristas assim como as dos que se encontram ao lado.
Por fim, um fator bastante importante nessa equação — e muitas vezes esquecido — é o meio ambiente. Veículos antigos são muito mais danosos à saúde, principalmente por seus altos índices de poluição. Caminhões novos já vem com tecnologias que auxiliam nisso e deixam o modelo mais “limpo”.
A necessidade de investir na renovação da frota de caminhões
Ainda que haja tantos desafios para realizar a renovação de frota de caminhões, esse um passo importante. Não somente para auxiliar os trabalhadores da categoria, mas também toda a população do país.
Esse investimento pode trazer custos mais baixos para o consumidor, menores taxas de frete e maios segurança nas estradas. Por isso, esforços para viabilizar essa atualização são tão bem vindos.