Ferrugem da soja: o que é, como identificar e tratar?
A ferrugem da soja é uma ameaça agrícola significativa que pode comprometer seriamente a produtividade das lavouras. Neste post, vamos explorar o que exatamente é a ferrugem da soja, mostrar como acontece a sua proliferação nas plantas e métodos de contenção para proteger a qualidade da sua lavoura.
A ferrugem da soja não é apenas uma doença; ela é um alerta para a urgência de práticas agrícolas sustentáveis e vigilância constante.
Provocada pelo fungo Phakopsora pachyrhizi, a doença manifesta-se sob a forma de manchas escuras nas folhas e pode devastar inteiras plantações se não for controlada.
Este mal, causado por um fungo implacável, não só ataca as folhas da soja com manchas características, mas também pode levar à desfolha prematura, afetando diretamente o rendimento e a qualidade dos grãos.
No entanto, com a identificação correta e as medidas de tratamento adequadas, é possível controlar a disseminação da doença e proteger sua colheita – e os seus rendimentos financeiros.
Neste post, vamos explorar o que exatamente é a ferrugem da soja, como acontece sua proliferação e as melhores práticas para identificar os primeiros indícios.
Quer saber mais? Continue a leitura!
Ferrugem da soja: o fungo Phakopsora pachyrhizi e sua ameaça à cultura
A proliferação da doença desencadeada pelo fungo Phakopsora pachyrhizi tem gerado crescente apreensão entre os produtores de soja, dado seu papel crucial em infligir danos consideráveis às colheitas em todo o país.
Sua principal consequência é a desfolha prematura das plantas, impedindo a formação integral dos grãos e, consequentemente, reduzindo drasticamente a produtividade.
A magnitude dos danos varia de acordo com o momento em que a doença atinge as plantações e as condições climáticas favoráveis à sua disseminação, podendo comprometer até 70% da colheita.
A Ferrugem da Soja foi inicialmente detectada no Brasil em 2001 e, desde então, espalhou-se de maneira veloz. A propagação da doença é facilitada pelo vento, levando à sua presença em praticamente todas as regiões produtoras de soja no país.
Em decorrência desse alastramento, os agricultores estão enfrentando desafios significativos para proteger suas plantações contra esse fungo devastador.
Quais são os sintomas da ferrugem da soja?
A ferrugem é uma doença que pode afetar plantações de soja em qualquer fase de desenvolvimento da planta, sendo mais prevalente no início do florescimento (estágio R1), quando há pelo menos uma flor aberta em qualquer nó do caule, conforme definido pela classificação da Embrapa.
1. Primeiros indícios
Os primeiros indícios dessa doença se manifestam como pequenos pontos, com dimensões de 1 a 2 mm de diâmetro, exibindo tonalidades que variam do verde ao cinza-esverdeado.
Esses pontos podem ser identificados ao observar a folha em contraste com um fundo claro ou com o auxílio de uma lupa com aumento de 20 a 30 vezes.
2. Urédias
Cerca de quatro a seis dias após o aparecimento desses sintomas, o agricultor pode notar também a formação de urédias, que são elevações de cor variando de marrom-claro a marrom-escuro. Nessa fase, novos esporos começam a ser liberados.
Geralmente, cada urédia gera esporos durante cerca de 21 dias. Esses esporos são dispersos pelo vento, iniciando novas infecções na mesma plantação ou em áreas mais distantes.
3. Proliferação
Após o estágio inicial, os sintomas da ferrugem se espalham por toda a folha da planta, levando-a eventualmente a secar e cair, o que causa uma desfolhação precoce.
Esse fenômeno afeta o desenvolvimento dos grãos e das vagens de soja, pois as plantas, atingidas pelo agente patogênico, falham em executar a fotossíntese de maneira eficiente. Consequentemente, há uma diminuição da energia necessária para a construção e manutenção da estrutura das plantas.
Com isso, os grãos e as hastes não se formam corretamente, resultando em uma colheita de baixa qualidade e produtividade. Essa situação tem um impacto direto nos lucros finais do agricultor, tornando essencial o controle eficaz da ferrugem asiática para proteger as plantações de soja.
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Manejo da ferrugem da soja: quais as principais estratégias?
Existem diversas estratégias que podem ser empregadas no manejo da ferrugem da soja. Essas estratégias geralmente envolvem a combinação de medidas culturais, resistência genética e o uso de fungicidas — quando necessário, claro.
A integração dessas medidas torna-se fundamental para evitar a redução da produtividade. No entanto, a variabilidade do fungo tem representado uma ameaça à estabilidade da produção da cultura.
Além disso, o número de cultivares resistentes ainda é limitado, com poucos genes de resistência disponíveis. Adicionalmente, os fungicidas específicos para locais de ação vêm perdendo eficácia, isso, por sua vez, devido ao desenvolvimento de resistência por parte do fungo.
Mas, acima de tudo, é importante conhecer as diferentes estratégias para o manejo da ferrugem da soja e selecionar aquela que seja adequada à realidade de cada produtor. A seguir, conheça melhor um pouco dessas estratégias para auxiliar na tomada de decisão:
1. Controle químico
Uma das melhores estratégias para o manejo da ferrugem da soja, o controle químico envolvendo a utilização de fungicidas para tentar conter os estragos causados pelo fungo.
É recomendada a aplicação dos fungicidas preventivamente ou, preferencialmente, no início dos sintomas da doença. Para isso, no entanto, serão considerados fatores como a presença do fungo na região, condições climáticas favoráveis, idade de planta, entre outros.
Fungicidas são divididos em duas categorias: sítio-específicos, que miram um ponto metabólico singular do fungo, e multissítios, que impactam múltiplos pontos metabólicos. Recomenda-se geralmente a aplicação combinada de ambos os tipos para minimizar o risco de desenvolvimento de resistência por parte do fungo.
Existem outros fungicidas comerciais que podem ser utilizados para o controle da ferrugem da soja, no entanto, foi registrado que apenas alguns contam com eficiência acima da marca de 70%.
Lembrando novamente que a eficiência dos fungicidas vai variar segundo as condições ambientais. Por exemplo, a ocorrência de chuvas pode afetar sua atividade residual, entre outros pontos.
Recomendações gerais:
- Rotacione fungicidas com diferentes mecanismos de ação para evitar o desenvolvimento de resistência por parte do fungo;
- Combine o uso de fungicidas sítio-específicos com fungicidas multissítios para ampliar o espectro de controle e reduzir o risco de resistência;
- Consulte a bula do produto e siga corretamente as recomendações do fabricante em relação ao intervalo entre as aplicações e as doses a serem utilizadas;
- Evite aplicar o mesmo fungicida por mais de duas vezes consecutivas, esse movimento ajuda a reduzir a pressão seletiva e diminui as chances de desenvolvimento de resistência.
2. Vazio sanitário
Já o vazio sanitário consiste em deixar um espaço de tempo mínimo de sessenta dias sem a presença de plantas de soja no campo, que deve acontecer durante o período da entressafra. Essa medida consegue reduzir o inóculo do fungo, além de atrasar as primeiras ocorrências da doença na safra seguinte.
A definição de datas limites de semeadura da soja em alguns estados também serve para reduzir o número de aplicações de fungicidas ao longo da safra, consequentemente diminuindo a pressão de seleção para resistência aos químicos.
No entanto, para aplicar a medida, é indicado consultar as normativas e orientações dos órgãos de defesa fitossanitária estaduais para obter informações específicas sobre o vazio sanitário, assim como também das datas limites de semeadura para cada região.
3. Variedades resistentes
As variedades resistentes envolvem o uso de cultivares de soja desenvolvidos com genes que conferem resistência à ferrugem. Esses genes, por sua vez, podem ser obtidos por meio de cruzamentos entre diferentes cultivares ou por meio de técnicas de engenharia genética.
O uso de variedades resistentes vai funcionar como uma estratégia fundamental no manejo da ferrugem da soja, pois oferece uma barreira genética contra o fungo causador da doença. As plantas resistentes contam com mecanismos de defesa que dificultam a penetração e o desenvolvimento do fungo, resultando em menor incidência e severidade da ferrugem.
Ao utilizá-las, os agricultores também vão diminuir a necessidade de aplicar os fungicidas, os custos associados e, principalmente, o seu impacto ambiental. Além disso, as variedades resistentes proporcionam mais estabilidade na produção, pois são menos suscetíveis a danos causados pela ferrugem – resultando em maiores rendimentos e melhor rentabilidade para os produtores.
Portanto, é fundamental adotar uma abordagem integrada no manejo da ferrugem, combinando o uso de variedades resistentes com outras estratégias, como o monitoramento da lavoura, a rotação de culturas, o controle químico, entre outras.
4. Rotação de cultura
Assim como o vazio sanitário, outra eficaz estratégia para reduzir as chances de sobrevivência do fungo que causa da ferrugem da soja é a rotação da soja com culturas não hospedeiras do patógeno.
O método consiste em alternar o cultivo da soja com outras culturas não hospedeiras, como, por exemplo, o milho. Essa prática vai quebrar o ciclo de reprodução do patógeno, reduzindo a presença de inóculo no solo e também diminuindo a incidência da ferrugem.
Ao implementar a rotação de culturas, é importante optar por culturas que sejam menos suscetíveis à ferrugem da soja, assim como ter o cuidado de evitar o plantio consecutivo de soja na mesma área – esse ponto é importante, pois a medida aumenta o risco de infestação e de proliferação da doença.
5. Monitoramento da doença
O monitoramento da ferrugem da soja nas lavouras é uma estratégia que determina o momento ideal de aplicar medidas de controle. Nela, o encarregado deve observar a presença dos primeiros sinais da doença, como a presença de urédias na parte inferior das folhas, por exemplo.
Realizar o monitoramento regular vai permitir a identificação precoce da infestação da ferrugem e tomar medidas para reduzir o impacto na produtividade da lavoura.
Além disso, existem portais e sites que oferecem informações atualizadas sobre as ocorrências da doença em todo o Brasil, permitindo verificar se há casos na região da lavoura ou em áreas próximas, como o Consórcio Antiferrugem.
6. Outras estratégias
Além das 5 medidas supracitadas, existem outras que podem ser aplicadas na sua cultura para prevenir as plantações contra o fungo. Tais como:
- Opte por variedades de ciclo precoce e com maior tolerância genética: o plantio de variedades de ciclo precoce reduz o tempo de exposição da planta à doença;
- Utilize tecnologias de aplicação eficientes: certifique-se de que os fungicidas sejam aplicados de forma uniforme em toda a área das plantas e respeite o intervalo entre as aplicações e as doses recomendadas nas instruções com cuidado;
- Limite o uso de fungicidas à base de carboxamidas a no máximo duas aplicações por ciclo para reduzir a pressão de seleção e minimizar o risco de desenvolvimento de resistência;
- Evite o plantio de soja “safrinha”, especialmente soja sobre soja, pois isso aumenta significativamente a quantidade de inóculo da doença e a exposição do fungicida ao patógeno
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